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Arquivado: The Day After – Pequeno-almoço e debate

Pequeno-almoço e debate – The Day After

Aconteceu hoje, 02 de Fevereiro, o pequeno-almoço e debate The Day After, onde foi feita uma análise aos resultados das eleições legislativas de 2022 numa perspectiva empresarial.

Organizado pela AmCham Portugal, o pequeno almoço e debate decorreu no Hotel Sheraton em Lisboa com o patrocínio da AONManpowerGroup e BFF Banking Group.

Para que fosse feita uma análise ao resultado das eleições numa perspectiva empresarial, de investimento e económico-financeira foram convidados António Saraiva, António Lobo Xavier, Isabel Capeloa Gil, Pedro Duarte e Vitor Bento. O debate foi moderado por André Veríssimo e as boas-vindas e considerações ficou a cargo do Presidente da AmCham Portugal, António Martins da Costa.

O primeiro evento do ano da AmCham foi um sucesso!! E tivemos o apoio do ECO.

Leia o artigo de Andre Verissimo – ECO.

Leia também o artigo publicado  na Essential Business por Chris Graeme.

Abaixo partilhamos algumas notas que retiramos do evento:

António Saraiva

  • Com a estabilidade política alcançada nas eleições há uma responsabilidade acrescida de realizar as reformas que o país precisa;
  • Fazer diferente é o que se exige a este governo;
  • A importância da concertação social para promover a estabilidade social é e vai ser muito relevante;
  • Aumento de salários? Tudo é possível desde que seja sustentável;
  • António Costa tem ambições pessoais dentro de Portugal (vir a ser Presidente da República) ou europeias. Para isso tem de fazer reformas;
  • António Costa tinha como objectivo ganhar e manter o poder e teve sucesso. O seu 2º objectivo agora é deixar uma marca. Esperamos que tenha tanto sucesso como teve a atingir o seu 1º objectivo.

Isabel Capeloa Gil

  • Maioria absoluta não é poder absoluto;
  • Sem ciência e sem uma educação robusta não há economia, indústria, país;
  • Necessidade de orientações e visões de longo prazo. Nos últimos anos vimos essencialmente políticas de curto prazo, com um quadro regulatório asfixiante que limita a autonomia e o funcionamento das Universidades;
  • Portugal tem que se associar aos projectos da Big Science;
  • O Ministério da educação tem uma limitação fortíssima na definição de carreiras e curriculares pela actuação sindical;
  • Fruto de uma demonização de décadas, de uma imagem degradada, de uma estrutura de remuneração miserável, Portugal tem uma grande carência de professores e não tem capacidade para atrair formandos;
  • Temos curriculum iguais aos dos anos 80 e é dramático. Deveríamos ter uma formação transversal, mais instrumental, concetual e de profundidade;
  • Tem havido desinvestimento nas instituições do ensino superior;
  • Necessitamos de orientações de longo prazo e de investimento na educação e no ensino superior.

Vitor Bento

  •  1º questão: falta de estrutura de pensamento sistemático, sistémico e estratégico pensado a longo prazo;
  • Os partidos já não têm gabinetes de estudo, como tinham nos anos 80, nem centros ou estruturas de pensamento;
  • Já Camões dizia nos Lusíadas que somos “gente virada para a acção e não para o pensamento”;
  • Olhemos para o caso da China que definiu objetivos  a 40 anos e  desenhou os planos de acção para esse período, e agora vejam-se os resultados;
  • 2ª questão: deficiência na governance publica e privada;
  • A sociedade de hoje não é a de há 40 anos e necessita de propostas com base na realidade social que existe. Programas âncora político/económicos que congreguem;
  • Falar da descida do IRS, quando só uma pequena parte do eleitorado paga, criará uma reação hostil para aqueles que dependem do IRS que essa minoria paga;
  • Quando há uma grande parte da sociedade a beneficiar da distribuição, e uma pequena parte a contribuir para esse bolo, vai haver cada vez menos para distribuir;
  • A capacidade humana dentro da país esta a empobrecer. Há grande capacidade para criação de valor mas muita emigração;
  • Saída de talento, incapacidade de reter.

Antonio Lobo Xavier

  • Fatores de esperança, apesar das opções que já conhecemos do passado e do receio que venha a ser mais do mesmo, o primeiro-ministro pode querer deixar um legado;
  • As reformas à esquerda que queria fazer já as fez todas nos últimos 6 anos;
  • O resultado eleitoral não foi surpresa, talvez só na dimensão. A surpresa é os políticos não saberem para quem falam, como falarem de contas certas quando 6 milhões de portugueses vivem do estado, ou falar de descer IRC quando só 100.000 empresas é que pagam;
  • A forma é falar da sustentabilidade a medio prazo. Não é eterno nem sustentável as pensões, os ordenados mínimos. As pessoas desvalorizam o futuro e valorizam a felicidade presente;
  • O direito das pessoas está a ser tocado por exemplo na ADSE, e os funcionários públicos podem perceber que podem ficar em risco;
  • A alternativa é falar das coisas,  explicar sem incutir medo;
  • Em Portugal vota-se pela carteira e é a carteira dos remediados;
  • A justiça não é tema, não interessa aos eleitores na hora do volto (serve só para conversa de café pelos grandes casos);
  • A justiça administrativa fiscal, que é a que interessa as empresas,  é caótica, mas ninguém tem capacidade para resolver. As empresas consideram um dado e capacitam-se para essa situação;
  • Não tenho dúvida que a emigração é por questões fiscais. Num primeiro momento quando chego e num 2º momento quando regresso.

Pedro Duarte

  • Falou-nos de 3 riscos e 3 oportunidades com esta nova situação política pós eleições:

3 Riscos:

  1.    Mexicanização do regime. Nos últimos 30 anos temos um partido que governou 25 anos. Ideia do partido do poder;
  2.    Percepção de autosuficiência que acontece normalmente nas maiorias absolutas;
  3.    Achar que é a fórmula seguida nos últimos anos é uma formula de sucesso esquecendo que o contexto foi extremamente favorável nestes últimos anos.

3 oportunidades:

  1.    Recentramento e não estar dependente de partidos demagogos, de causas e sem visão integrada a condicionar a governação;
  2.    Dois partidos moderados têm 70% dos lugares da assembleia e esta é uma realidade única na europa;
  3.    Condições ideais para o reformismo de médio e longo prazo: um primeiro-ministro com capacidade de recrutar os melhores (sem pressões ou necessidades políticas) | Fundos europeus disponíveis | Beneficiar de um estado de graça mas com um PM já experiente preparado para funcionar desde o primeiro dia e ainda o contexto externo, apesar das incertezas.
  • Haja discernimento;
  • Qualificações comparamos muito mal, com a revolução tecnologia valorizar cada vez mais a componente humana, e este é um problema estrutural que temos;
  • As empresas adaptam-se aos tempos e a estrutura da Administração publica mantém-se há 40 anos, não conseguiu evoluir;
  • Ideias novas para discutir: ter um ministro da Administração publica que tratasse dos quadros e das negociações com os sindicatos e libertasse os Ministros, por exemplo, da educação e da saúde para pensarem e executarem políticas do sector;
  • A transformação digital não é incorporar tecnologia, é muito mais do que isso, incluindo transformação cultural. Havendo ilhas dentro da Administração publica, esta não está preparada para esta transformação como um todo nem os próprios políticos;
  • Os políticos que perceberem mais rapidamente como é que o mundo vai mudar, que olhem para os novos índices como o da felicidade das pessoas e que consigam rapidamente adaptar-se, são os que vão ter sucesso.

 

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