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Opinião

A Opinião

de António Vargas, Diretor de Relações Institucionais da AWS em Portugal e Espanha

A AWS e a nuvem como espaço de oportunidades para a eficiência e inovação

Portugal, e a sua economia, dependem de uma aposta robusta na nuvem como o único ecossistema onde a Inteligência Artificial Generativa e outras tecnologias de grande escala se conseguem desenvolver. A Administração Pública deve ser pioneira e priorizar a tecnologia que oferece aos cidadãos serviços com maior garantia de segurança e melhor eficiência económica e ecológica: a nuvem.

Estamos perante um marco histórico ao nível do desenvolvimento tecnológico digital que produz em muitos cenários e ambientes uma sensação intimidante. Como utilizadores, movemo-nos de forma intuitiva pela internet, no entanto, muitas empresas desconhecem a tecnologia que torna tal possível e, por conseguinte, as infinitas oportunidades que esta oferece. A tecnologia cloud (tradução inglesa do termo nuvem)oferece diversas vantagens, entre elas, a democratização do acesso à inovação, a difusão sem paralelo de conteúdos culturais e a redução de barreiras geográficas e económicas no acesso a ferramentas de informação e comunicação.

A tecnologia cloud é o recurso que possibilita a Inteligência Artificial, o desenvolvimento de grandes modelos de linguagem (LLM’s), a Big Data, a Internet das Coisas (IoT) e uma infinidade de novas tecnologias que estão a emergir. A recente irrupção da Inteligência Artificial Generativa, com produtos como o ChatGPT, recorda-nos que a mudança está só agora a começar e a gerar cada vez mais interesse nos consumidores e nas empresas, pelo que, aproveitar este entusiasmo e manter uma taxa de crescimento anual de +25% na aceitação da IA entre as empresas portuguesas pode gerar 61 mil milhões de euros em valor económico para Portugal até 2030.  Os serviços que hoje utilizamos, e que nos foram apresentados nas últimas duas décadas, provêm da aplicação prática dos três elementos-chave que a tecnologia nos oferece atualmente: vastas quantidades de dados, elevada capacidade computacional para obter conhecimento a partir dos mesmos e ampla e rápida conectividade no fluxo de dados. Tal abre a porta a inúmeras tecnologias como a Inteligência Artificial (IA), a Computação Quântica, a Realidade Virtual (RV) ou a Internet das Coisas (IoT).

Estamos rapidamente a entrar numa era em que qualquer organização pode aceder a uma potência informática histórica para trabalhar uma quantidade de dados que era anteriormente impossível, de forma rápida e fácil – e quase ao mesmo preço – que acender as luzes de casa. A partir dessa utilização dos dados, os serviços que podem ser desenvolvidos pela utilização desta capacidade constituem uma maré de oportunidades. Esta é a promessa e a realidade da tecnologia da computação em nuvem que está a impulsionar uma mudança inigualável quer na indústria, quer na sociedade, transformando a forma como inovamos e progredimos, em Portugal e em todo o mundo.

A nuvem democratiza a utilização da tecnologia e o acesso à inovação a organizações de todos os tipos e dimensões, e a compreensão do seu funcionamento tem um impacto direto na empregabilidade. Os recursos já não precisam de ser gastos na aquisição e manutenção de centros de dados que rapidamente se tornam obsoletos. Ao invés disso, os recursos – públicos ou privados – podem ser investidos no que de melhor a organização faz, criando melhores produtos e serviços para os cidadãos e de uma forma mais económica e ecológica.

A Amazon Web Services (AWS) é pioneira mundial neste tipo de serviço e oferece também o mais vasto portefólio de serviços em nuvem a nível mundial. Na AWS trabalhamos com milhões de clientes diversos, oferecendo-lhes mais de 240 serviços que incluem soluções tecnológicas como Machine Learning (ML), a IA ou a IA Generativa, para os acompanhar no seu percurso rumo à transformação digital. Em Portugal a AWS tem contribuido para o crescimento de empresas de grande importância para a economia nacional, como a Galp,  Globalvia, Lusiaves, entre outras; favorece a evolução dos  unicórnios portugueses, como a Unbabel, Feedzai, Outsystems e Talkdesk; e ainda participa ativamente na digitalização do Estado, em particular trabalhando com a ESPAP, INESC TEC, IAVE, Gabinete de Estratégia, Planeamento e Avaliação Culturais, GaiUrb, entre outros.  

De forma a concretizar todo o potencial desta tecnologia, há que abordar três questões essenciais. Primeiramente, a criação de um ambiente favorável à inovação. Para tal, as parcerias público-privadas são essenciais, assim como a democratização da utilização desta tecnologia em todos os domínios e para todos os intervenientes no mercado. Isto leva-nos precisamente à segunda questão: garantir que as empresas de todas as dimensões e setores têm acesso às últimas tecnologias e podem adaptá-las aos seus negócios de forma a melhorar eficiência, produtividade e resultados. De acordo com o estudo da consultora Strand Partners, em Portugal ainda é comum que as grandes empresas utilizem mais IA e outras tecnologias digitais do que as micro-PME (45% em comparação com apenas 32%).

A terceira questão consiste em colmatar o défice de competências digitais. As empresas não podem adotar novas tecnologias se os funcionários não tiverem a formação adequada para tirar partido das mesmas, bem como as bases para as utilizarem de forma responsável. Neste sentido, a Amazon tem o compromisso com a formação em competências digitais, tendo estabelecido o objetivo de formar 29 milhões de pessoas em todo o mundo em computação em nuvem e 2 milhões em IA até 2025. Este compromisso inclui uma série de programas de formação e certificação que estão disponíveis em Portugal, como o AWS re/Start, que fornece formação gratuita a indivíduos desempregados e subempregados, através de uma colaboração com a CESAE Digital e a Code for All em Lisboa, Porto, Matosinhos e Amarante ou o AWS Educate, que fornece acesso gratuito a conteúdos de aprendizagem e serviços AWS concebidos para desenvolver conhecimentos e competências em computação em nuvem. Mais ainda, colabora desde 2022 com o Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos para promover a formação em competências digitais.

Contudo, a revolução digital tem de ser sustentável. O impacto ecológico positivo da nuvem é evidente: a Accenture estima que as empresas que migram para a nuvem podem reduzir as suas emissões de carbono em 84% e o seu consumo de energia em 65%, com um impacto nas emissões de CO2 de 59 milhões de toneladas por ano, o que equivale a retirar 22 milhões de automóveis de circulação. A infraestrutura cloud da AWS é cinco vezes mais eficiente em termos energéticos do que o centro de dados empresarial europeu médio, o que permite às empresas na Europa reduzir o consumo de energia em quase 80%.

A Amazon tem atualmente mais de 500 projetos eólicos e solares em todo o mundo e é a maior empresa compradora de energia renovável do mundo. Estes projetos, assim que ficarem operacionais, deverão gerar mais de 77.000GWh de energia limpa por ano e permitem aproximarmo-nos da meta de igualar toda a nossa utilização global de eletricidade com 100% de energia renovável até 2025. Os nossos acordos de energia renovável integram o “The Climate Pledge” – o nosso compromisso de atingir zero líquido de carbono até 2040 – dez anos antes do Acordo de Paris.

Compreendida a importância da eficiência e inovação destas tecnologias, devemos acelerar a transição para a nuvem com políticas “Cloud First”, dando preferência à verdadeira digitalização em detrimento da mera aquisição de equipamentos. Neste contexto, as administrações públicas não devem ser deixadas para trás, assegurando que os serviços aos cidadãos são modernizados e otimizados, tal como acontece na esfera privada. Para tal, são necessários mecanismos simples, flexíveis e rápidos de aquisição pública de serviços de computação em nuvem, de modo a que todas as instituições públicas possam inovar à velocidade do século XXI. Se a oportunidade de progresso, eficiência e inovação é tão grande como a descoberta do fogo ou a eletrificação das cidades, façamos o nosso trabalho para a aproveitar.

 

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