A Opinião
de Mafalda Franco Frazão, Portugal Lead, Google Portugal
Portugal e a liderança na simplificação e na adoção de Inteligência Artificial: uma oportunidade que não devemos perder
Este ano Portugal assume a Presidência do Grupo D9+ – o grupo de países da UE líderes no digital. Esta ocasião é uma oportunidade para passar da ambição à liderança, colocando a simplificação regulatória e a adoção estratégica da Inteligência Artificial (IA) no centro da agenda da competitividade da UE.
A IA é uma das tecnologias mais transformadoras da nossa geração, com potencial para impulsionar a produtividade, acelerar o crescimento económico, apoiar a transição energética e reforçar a segurança. Um estudo recente da Implement Consulting Group, comissionada pela Google, aponta que a adoção generalizada da IA pode contribuir, daqui a 10 anos, para impulsionar o PIB de Portugal Continental em +8%, ou seja, um valor entre os 18 e os 22 mil milhões de euros. Mas a Europa, e Portugal, ainda ficam atrás de outras economias, como os EUA ou a China, no que toca à sua adoção. Para mudar este cenário, é estratégico que os governos liderem pelo exemplo, integrem IA nos seus próprios processos e adotem abordagens “AI-first” em toda a administração pública.
A liderança portuguesa no D9+ é uma oportunidade para promover três prioridades:
- Simplificação regulatória: focar-se na implementação eficaz da legislação existente antes de criar novas regras; eliminar requisitos redundantes e harmonizar obrigações de reporte.
- Escalabilidade e colaboração: reforçar a cooperação internacional e criar condições para que empresas e universidades participem ativamente na cadeia global de valor da IA.
- Adoção transversal: incentivar a aplicação de IA em setores estratégicos, como a saúde, a educação, a mobilidade, a energia e a administração pública.
Estas prioridades exigem investimento contínuo em talento e competências digitais. Desde 2015, a Google já formou 13 milhões de pessoas na Europa e mantém o seu apoio a universidades e programas de capacitação, incluindo a sua participação na European Commission’s Cyberskills Academy. Estes esforços visam garantir que a transformação digital é inclusiva e que empresas de todas as dimensões conseguem beneficiar das novas tecnologias.
Ao mesmo tempo, as políticas públicas devem ser proporcionais e promover a inovação. A assinatura pela Google do Código de Práticas da UE para a IA de Propósito Geral é um passo positivo para garantir que cidadãos e empresas europeias tenham acesso rápido e seguro às melhores ferramentas de IA. Mas é igualmente importante evitar que exigências excessivas limitem a competitividade ou atrasem o acesso a modelos de ponta.
Acreditamos que a presidência portuguesa do D9+ representa uma oportunidade para promover a dupla agenda de simplificação e adoção de inteligência artificial. Estas prioridades estratégicas não só reforçam a confiança dos investidores, como aceleram a modernização do Estado e ajudam o país a se posicionar como uma das referências globais em governação digital e adoção de IA.
O futuro digital da Europa está a ser escrito. Portugal tem condições para assinar um capítulo marcante dessa transição. Este é um desafio para todos, independentemente do ponto de partida: cultivar uma nova mentalidade, mais ambiciosa, que adote a IA com rapidez e acolha o risco como parte do caminho, de forma ousada, mas responsável, a fim de transformar esta oportunidade em impacto real para pessoas e empresas.