Position Paper – Parceria com universidades americanas
Novembro 2023
A Câmara de Comércio Americana em Portugal (AmCham Portugal) expressa a sua profunda preocupação pelo facto de, terminando as parcerias com as universidades dos EUA no final do corrente ano, não se assegurar a respectiva continuidade, criando riscos da sua manutenção no futuro.
Foi, de facto, com alguma surpresa e grande desapontamento que a AmCham Portugal e os seus associados tomaram conhecimento das recentes notícias que apontam para a cessação, sem renovação perspetivada, das parcerias internacionais com algumas das mais prestigiadas universidades norte-americanas.
Durante as duas últimas décadas, os ecossistemas académico, científico e empresarial de base industrial e tecnológica experienciaram profundas evoluções e, em particular, desenvolveram significativamente as suas capacidades de interação e cooperação em prol do desenvolvimento de Portugal, de uma maior competitividade económica e de uma maior capacidade de afirmação nos mercados globais com produtos e serviços de grande valor acrescentado.
Para estes sucessos e progresso continuado no tempo, a AmCham Portugal – tal como outras entidades respeitadas nesta matéria – considera que não pode ser esquecida a forte contribuição das referidas parcerias.
Queremos destacar o impacto profundo que estas parcerias têm tido no tecido empresarial português. As empresas portuguesas, incluindo start-ups, têm beneficiado em grande escala do fluxo constante de inovações e descobertas emergentes dessas colaborações académicas. A transferência de conhecimento e tecnologia entre universidades e o setor empresarial tem sido um motor para o desenvolvimento de produtos e serviços inovadores, fortalecendo a competitividade no mercado global. E estes programas não apenas alimentam o ecossistema científico e tecnológico, mas também têm sido da maior importância para a sustentabilidade do crescimento econômico e para a manutenção de uma mão de obra altamente qualificada em Portugal.
Mudar os ecossistemas académico, científico e empresarial, e torná-los mais competitivos e resilientes é, e será, um processo longo e complexo, onde muitas variáveis coexistem numa rede intricada de influências.
Importa certamente refletir e, em função do que se aprendeu, melhorar as parcerias. Mas importa fundamentalmente não descontinuar um processo considerado como uma pedra basilar para a inovação e empreendedorismo de base tecnológica e para uma academia ao serviço a sociedade, por todos aqueles que ao longo do tempo nele se quiseram envolver.
Por estas razões, a AmCham interpela o Governo português a propor às instituições americanas em causa uma dilação das parcerias ainda em vigor, pelo período de um ano, no fim do qual o próximo Governo poderá redefinir o modelo mais adequado, com base numa avaliação (análise custo-benefício) objectiva e transparente da execução e dos resultados alcançados por estas parcerias.
A AmCham e os seus associados estão disponíveis para contribuir para a construção da solução mais acertada e consensual, que evite a descontinuidade destes programas.